Quando pensamos em montar uma ficha de personagem de RPG, normalmente já existe uma ideia para a história e suas motivações perante a trama do jogo. Nesse texto, você encontrará dicas para elaborar uma boa história de personagem e como interligar ela com a campanha.
Por que escrever história para o personagem?
Escrever a história de um personagem de RPG é tão importante quanto os dados numéricos da ficha, pois é através disso que irão realmente conhecer quem é aquele novo personagem.
As preferências, seus medos, sua antiga profissão, de onde veio sua motivação de se tornar um aventureiro e outros pontos curiosos desse personagem podem até parecer irrelevantes. Mas, um bom Narrador pode explorar e mesclar a história principal com a particular de cada personagem, para tornar a aventura mais interessante e pessoal.
Escolhendo segredos e defeitos do personagem
Alguns sistemas optam por colocar segredos e defeitos nos personagens, para dar um ar menos heroico e mais leve a eles. Mas em certos sistemas os defeitos podem acumular bônus ou situações vantajosas ao portador.
No Storyteller de “Vampiro a Máscara”, o uso dos defeitos é comum, e sua escolha serve tanto para adquirir bônus para rolagens, quanto para moldar o personagem em si, o que pode influenciar na aparência, no tato, olfato, etc.
A escolha de um segredo pode ser feita ao conversar com o Narrador, onde ele pode incluir alguma revelação impactante para a trama da narrativa e dali gerar um desfecho crucial.
Montando as descrições do personagem
Ao criar um personagem, você deve imaginar com clareza quais são suas principais características físicas e de personalidade, além de contextualizar o personagem com o ambiente do cenário no qual a narrativa acontece. Essas descrições vão dar vida e ambientação ao seu personagem, o que favorece sua imersão no jogo.
Origem
Explicar as raízes do personagem tem a função de mostrar um pouco de sua cultura, crenças e lendas comuns, e molda seus laços espirituais, mentais e sua doutrina.
É importante definir se ele veio de uma tribo desconhecida e pequena, de uma família aristocrata poderosa, se ele era um guerreiro nato ou um pastor de ovelhas.
Motivações do personagem
Aqui entra a parte do início de sua jornada como um aventureiro, onde você deve ter um motivo específico ou uma série de motivos que o levaram a querer ser um personagem daquela classe.
Você pode colocar motivos comuns como a invasão de sua vila, assassinato de sua família, mas quanto mais usar sua criatividade, mais o Narrador poderá explorar e mesclar sua motivação com a trama da campanha.
Possíveis conflitos
A jornada de um herói é sempre árdua, já é cheia de desafios e contratempos desde o início. Um rival de treinos pode ser um antagonista para o seu Guerreiro, assim como um Bárbaro pode criar conflitos com outras Tribos de Bárbaros para motivar sua ambição de se tornar mais poderoso.
Curiosidades
Uma parte pouco explorada são as peculiaridades de cada um, mas elas servem para dar tons cada vez mais pessoais e específicos para o personagem, você pode encaixar coisas como:
- Gestos: Um tic nervoso sutil realizado quando o personagem mente pode ser desafiador para o jogador interpretar. Gaguejar ou dar sinais de nervosismo perante um interrogatório ou uma negociação podem levantar suspeitas e situações mais desafiadoras ou até engraçadas.
- Preferências: Definir que o personagem gosta de determinadas comidas, bebidas, fumos ou até armas serve para dar um tom muito pessoal ao personagem e é uma das mais comuns.
- Peculiaridades: Ser o 7º filho homem em uma campanha com temática de Lobisomens pode levantar suspeitas e situações cruciais durante a banca, ou criar um personagem com grande afeição pelos animais por ter sido criado por algum bando também podem ser alguns dos exemplos a serem seguidos.
Aqui, o que prevalece é a sua imaginação. Então, para adicionar curiosidades sobre seu personagem de RPG você pode deixar a mente fluir, mas lembre de tentar misturar suas curiosidades com pontos da história.
Conecte seu personagem ao cenário
O cenário é um mundo vivo, e seu personagem de RPG deve ser inserido em algum contexto dele. Você pode ser um Paladino criado pelos Sacerdotes de algum Deus importante para o cenário usado, ou mesclar sua caçada de monstros com a batalha contra o Vampiro Lord Stradh.
Quanto mais detalhes da trama você usar, mais fácil será para o Mestre mesclar sua história e explorá-la junto da campanha principal.
Fraquezas e defeitos
Nem todo aventureiro é um herói perfeito e nada mais humano que defeitos, medos e fraquezas.
Você pode escolher mostrar que seu baixo valor de Carisma está associado a uma interação social do personagem, como ele ser mal-humorado, ranzinza ou preconceituoso, ou mostrar que a sua falta de destreza afeta sua mobilidade e seu jeito de andar.
Defeitos como ser apaixonado por bebidas ou apostas, não resistir a ofertas generosas de recompensas, ser desastrado a ponto de quebrar quase tudo que toca ou não gostar de tomar banho podem servir de alívio cômico.
Antecedente: o que são e como usar?
Em sistemas como “Dungeons and Dragons”, o conceito de Antecedente mostra o que o Personagem fazia antes dele se tornar um Aventureiro, ou seja, mostra sua vida “normal” antes de ser treinado em alguma classe.
Alguns antecedentes podem fornecer vantagens, como o Antecedente Forasteiro, que permite ao personagem se localizar geograficamente com facilidade e ter intuição sobre fontes seguras de comida e água.
O uso dos antecedentes pode ser mesclado também à história da classe, onde um personagem Pesquisador pode ser tornar um Mago por conta de suas descobertas e estudos.
Com essas dicas para criar a sua história, seu personagem de RPG estará muito mais ligado ao cenário e à trama principal e isso pode ajudar o Mestre da banca a incluir situações pessoais do personagem e torná-las desafiadoras e interessantes para todo o grupo.
Um bom personagem de RPG deve construir e alcançar grande fama, mas antes de começar a batalhar, sua história de vida deve ser levada em consideração, então agora mãos à obra para preparar seu novo personagem!
