Storytelling é uma terminologia originada da língua inglesa, sendo a combinação das palavras “Story” (história) e “telling” (contar). Ele nada mais é que um apanhado de técnicas para aprimorar a forma de contar uma história, independente da mídia em que a obra está sendo contada. Por isso, você pode aplicar o storytelling no universo de RPG.
No universo do RPG ela é essencial para poder ser feito uma boa campanha, pois a narrativa é um dos elementos essenciais para conseguir manter várias pessoas engajadas dentro de uma partida. Para saber mais e como aplicar o storytelling no universo de RPG, siga com a leitura deste artigo.
O que é o storyteller de um universo de RPG?
O storytelling no universo de RPG é bem parecido com as das demais narrativas ocidentais, em que seguem a estrutura padrão dos três atos, composta pelo começo, meio e fim. Nela temos a apresentação do universo e dos personagens, depois o progresso de um conflito, culminando na solução dele.
O ritmo da trama é composto por beats, sendo momentos importantes que modificam o rumo da narrativa, principalmente pelo acréscimo da emoção ou revelação de um mistério. Sendo o primeiro grande beat denominado como incidente iniciante, é o fator principal que origina algum problema ou meta, e acaba motivando os personagens a tomar alguma atitude.
Após o incidente inicial, os beats mais importantes da história são os componentes que levam o segundo e terceiro ato. A junção desses conflitos crescentes irá fazer com que os personagens tenham uma virada no final do segundo ato.
A escala da quantidade de obstáculos que deverão ser encarados é um quesito importante, pois o nível de dificuldade apresentado aos personagens terá que ser de acordo com o poder deles, essenciais para seu crescimento na trama.
No terceiro ato temos um dos principais pontos altos da campanha, na qual as decisões dos participantes levam para seu desfecho. É o instante de maior tensão, que aparenta ser irreversível no começo, mas que no final deve guiar a um final justo com o que foi apresentado durante toda a narrativa. No caso de uma partida de RPG, ela tem algumas diferenças em relação às outras formas de expressão midiática, pois seu sistema é mais suscetível a mudanças, pois depende muito das escolhas feitas pelos outros jogadores durante a campanha.
Entre os inúmeros sistemas de RPG existentes, o Storyteller é famoso por ser um dos mais interpretativos. Dessa maneira, seu principal foco é criar crônicas e criar partidas de forma mais dinâmica e interativa. Por isso é essencial que o indivíduo que vá “mestrar” uma campanha de RPG crie uma estrutura de storytelling que faça os jogadores se interessarem pela história no começo e continuem engajados até o final.
O sistema Storyteller e os conflitos das história dos personagens
Da mesma forma que a narrativa de uma obra de ficção comum, no qual o autor cria obstáculos durante o decorrer da história para que o personagem possa evoluir, fazendo com que o espectador da obra fique engajado na trama, o mestre de uma partida de RPG deve fazer o mesmo com seus jogadores.
No caso, ele deve ter um storyteller baseado na criação de obstáculos nivelados de acordo com as limitações dos personagens, fazendo com que eles evoluam de maneira gradativa até chegar ao boss final.
Ele deve se atentar ao fato de desenvolver problemas que não sejam tão fáceis, ao ponto de deixarem os players entediados com missão, mas que também não sejam tão difíceis ao ponto de fazer com que eles nem queiram entrar nela. Um bom exemplo de storytelling no universo de RPG que mostra conflitos nivelados e que agregam para sua evolução dos personagens, é mostrado na Bíblia por meio da trajetória de triunfo do Rei Davi.
Antes de derrotar o gigante Golias e se consagrar como Rei de Israel, Davi era um jovem pastor que não apresentava aptidão para a vida de guerreiro. Contudo, ao longo da história, precisou enfrentar um urso e um leão para proteger as ovelhas que pastoreavam. Esses conflitos foram responsáveis para que ele desenvolvesse a coragem e outras habilidades essenciais para que o tornasse um grande guerreiro, capaz de derrotar um gigante rival.
Esse caso é um bom exemplo de crescimento gradual de personagens, a partir de conflitos. Dessa forma, no storytelling no universo de RPG, o mestre deve criar problemáticas que estimulem os jogadores a querer evoluir e permanecer dedicados com a partida. Para a construção do personagem é necessário usar os pontos cedidos para colocar características dentro de uma ficha. A representação dessas características será feita por bolinhas preenchidas na ficha técnica.
Dentro desse cenário, para conseguir superar um conflito, precisa somar um total de atributos. Nessa ocasião, para conseguir passar em um desafio, é preciso somar um total dos pontos de atributo e a capacidade cruciais para terminar a missão, dessa forma, as bolinhas preenchidas em cada um dos itens essenciais para concluir a tarefa, o total alcançado será o número de vezes que deverá ser lançado os dados de 10 lados.
Por exemplo:
Força física (6) + esquiva (10) = 10
Nesta ocasião, o jogador lançaria 10 vezes os dados para obter a quantia mínima estabelecida para a dificuldade da tarefa. Se o nível de dificuldade para encarar um grupo de inimigos é 10, é necessário conseguir no mínimo 10 na soma das faces dos dados.
É necessário reforçar que o storytelling no universo de RPG tem como principal prioridade criar histórias. Dessa forma, tanto os jogadores quanto o mestre deverão criar juntos as histórias dos personagens.
Sendo que o principal diferencial dele para os demais sistemas é que todos já devem ter uma história pronta antes de iniciar a campanha.
Como desenvolver o storyteller de um mundo de fantasia?
O primeiro passo para desenvolver um bom storytelling no universo de RPG é criar conjecturas racionais e determinar quais são suas origens e limites. Dessa forma, mostra aos jogadores que nada surreal pode afetar a campanha.
Outro fator importante é apresentar coisas novas do universo durante o percurso da campanha, fazendo com que cada elemento dentro da história seja essencial para o desenvolvimento da partida. Dessa maneira, possibilita que os personagens permaneçam dentro de um estado de incerteza constante diante da verdadeira índole dos fenômenos meta-empíricos que passam pelo caminho de suas vidas.
Ao decorrer do artigo foi visto toda base necessária para criar storytelling no universo de RPG é bem parecido com a tática de storytelling de outras mídias, mas sendo diferenciada por ter maior probabilidade de mudanças ao decorrer da trama.
Dessa forma, é essencial o mestre ter em mente que uma boa partida de RPG deve ser uma via de mão dupla, pois apesar de ser criada e desenvolvida por ele, depende bastante dos jogadores para que ela seja feita de forma eficiente. Por isso é importante criar uma narrativa que possibilita aos demais participantes terem um certo grau de autonomia, para que possam se sentirem à vontade em participar e permanecer envolvidos com o jogo por muito tempo.
